quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Fala, João Monlevade!

Companheiros(as)      
Durante anos e anos de militância educacional, sindical e política, ouvi muitos colegas "defenderem" a universidade pública, a escola pública e as "verbas públicas para as escolas públicas". Colegas, inclusive parlamentares, receitavam o cerceamento (via MEC e CNE) à iniciativa privada por meio de proibição de novas instituições, cursos e vagas. Sempre achei que a estratégia não podia ser esta, pois a cada ano aumentava o número de concluintes do ensino médio (inclusive de pobres) e as faculdades particulares eram a única "saída" para a continuidade de seus estudos. Por isso, acho que foi maravilhosa a mudança de paradigma: investir em novas vagas de educação gratuita, no ensino profissional e tecnológico, nas graduações e pós-graduações das universidades, inclusive pelo Pro-Uni, que tantos criticaram por acharem que era desvio de recursos públicos para entidades privadas de baixa qualidade, em risco de falência.

 O mecanismo mais formidável foi a abertura de concursos para novos docentes e técnicos-administrativos - em total oposição às políticas de "retranca" do PSDB durante o governo FHC-Paulo Renato. Ou seja, em vez de defender, o que Lula fez foi promover a educação superior gratuita.  Os efeitos dessa expansão já estão patentes por aí, principalmente na interiorização da educação superior, profissional e tecnológica. Mas ainda temos muito a caminhar. Mais do que "expansão", precisamos de reestruturação das universidades. Aqui em Brasília estou assistindo a um processo de expansão da UnB muito tímido: foi fundado um campus em Ceilândia (500 mil habitantes, com 7 mil concluintes anuais de ensino médio, que entram no mundo do trabalho, quase todos, entre os 16 e 20 anos) que só oferece cursos diurnos, numa única área, a da saúde. Resultado: mais de 80% dos alunos vêm das zonas centrais do DF ou de Taguatinga, e a grande maioria é de classe média, de forma que os jovens de classes populares da Ceilândia ficam "lambendo sabão", como dizia meu pai. Por que a UnB não oferece cursos noturnos nesse novo campus? Por que se concentra numa única área, desde 2008? Não é por acaso que a grande maioria dos estudantes da cidade frequenta faculdades privadas de Taguatinga e, agora, acaba de se inaugurar uma nova instituiição em Ceilândia - o Iesb, com dezenas de cursos diurnos e noturnos adaptados à demanda. Por isso, além de comemorar os avanços, vamos retificar os desvios. Além da UnB, cabe-nos aproveitar de R$ 400 milhões anuais de receita de impostos não vinculados à educação básica (portanto, disponíveis para a educação superior) e implantar a Universidade Distrital, para a qual nossos parlamentares tanto lutaram no início da década de 1990 e que está inscrita no art. 240 da Lei Orgânica do DF e no art. 36 de seus Ato de Disposições Transitórias.  Aproveitemos as discussões do 2º turno para turbinar essa ideia. 
Abraços dilmiáticos e agnélicos. 
João Monlevade

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